Para conhecer um pouco mais sobre a tribo dos skatistas e onde eles se reúnem para praticar o esporte, no sábado (07/5), visitamos o Parque da Idependência, no Ipiranga, em São Paulo – ponto de encontro já conhecido não apenas por pessoas que fazem suas caminhadas e famílias que o utilizam como programa de final de semana, mas também pelos skatistas, que se encontram, a partir das 5h da manhã, em uma ladeira que parece já construída justamente para a prática do skate.
Foto: Gabriel Landi
Chegando ao local onde eles se reúnem, pudemos notar a grande diversidade de pessoas no grupo, onde se via crianças, homens, mulheres e famílias que andavam juntos de skate de maneira harmoniosa e muito agradável. Entrevistamos alguns dos skatistas e perguntamos sobre como o skate se tornou parte de suas vidas e como eles definiam esta tribo.
Rodrigo “Donha”, 32, gerente de qualidade e sustentabilidade de um laboratório ambiental, voltou a andar de skate após 15 anos parado, depois de ver seu filho praticar o esporte. A partir daí, passou a chamar amigos de infância, pessoas que encontrava na Avenida Paulista e até alguns pelo Facebook – todos praticantes deste esporte – para se reunirem e formar um grupo de skatistas que se encontrasse no Parque da Independência nos finais de semana.
Foto: Gabriel Landi
Parece que a ideia deu certo. Hoje o local já é um ponto de encontro conhecido dos skatistas, com direito até a um nome para o grupo, “SSS”, que, de acordo com Donha, criador do grupo, quer dizer “Sábado Sagrado Skate”. O grupo conta com mais de 35 membros.
Muitos deles, assim como Douglas, publicitário de 26 anos e Alexandre, 40, chefe de segurança da Caixa Econômica Federal, foram atraídos à prática do skate a partir do surfe. Ambos acabaram transferindo os movimentos e as técnicas que já utilizavam quando surfavam para a “prancha de rodas”. Douglas pratica a modalidade Wave board e Long board. Já Alexandre opta por um estilo Free style, dizendo estar buscando apenas pela diversão, para se desestressar da rotina do dia a dia, dos problemas e da tensão do trabalho.
A grande maioria dos entrevistados colocou como principais incentivadores para eles entrarem no mundo do skate os amigos, que indicaram o Parque da Independência como um bom lugar pare se conhecer skatistas e praticar o esporte.
Um desses incentivadores à prática deste esporte é Paulo Cezar, 42, microempresário, citado por outros dois skatistas entrevistados como seu grande incentivador. Paulo começou a andar de skate há 10 anos, por uma indicação de seu amigo. Praticava o surfe e acabou trazendo também para o skate sua experiência nas ondas, tendo início na modalidade Longboard, que se assemelha mais com o surfe.
Durante a entrevista com o microempresário, aconteceu um acidente com um skatista na ladeira. Na mesma hora, Paulo chamou os skatistas que estavam no local e foram ajudá-lo. Foi apenas um susto, mas pudemos notar o grande senso de companheirismo e amizade que envolve a tribo e a necessidade que eles sentem em sempre ajudar o outro.
Foto: Gabriel Landi
Esse foi outro ponto marcante que pudemos notar durante a manhã que passamos com os skatistas. Todos definiram a tribo como uma família, onde todos se ajudam e se apóiam.
Para Júnior, de 13 anos, no grupo de skatistas, todos sempre estão dispostos a ajudar. “Todo mundo é gente boa. Se estourou um rolamento do seu skate e você não tem nada, todos vão atrás procurar onde arranjar um. São todos irmãos”, diz o jovem. Júnior conheceu o grupo após a virada esportiva, quando começou a andar de skate no parque e a conhecer todos os outros, que passaram a lhe dar dicas e o ajudar na prática do Classic, a modalidade escolhida pelo garoto.
“Mimo”, um dos amigos do grupo, desce a ladeira de skate acompanhado por Donha, que está preparando um skate especial para ele, atendendo a todas as suas necessidades. O skatista pratica duas modalidades, o Downhill e o Street, andando de skate em diversos outros lugares, como na pista da Água Espraiada, na Sumaré, nos picos da Serra da Cantareira e em Alphaville, mas, principalmente, no Parque da Independência, já que se trata de um lugar sem circulação de carros e com uma decida não tão íngreme, como diz o próprio skatista.
"Mimo" andando no skate acompanhado de "Donha". Foto: Gabriel Landi
Foto: Gabriel Landi
“O skate mudou muito desde o final dos anos 1980, começo dos anos 1990. A molecada que antes era skatista, hoje é pai. A visão da sociedade sobre o skatista mudou. Hoje você vê pessoas mais velhas andando de skate. Minha família gosta da ideia de eu voltar, já que era meu esporte favorito”, disse Donha.
Maria de Lurdes, 70, frequentadora do parque, vê a presença dos skatistas como algo muito positivo e um exemplo para as novas gerações, já que eles têm um convívio saudável e respeitoso com os outros usuários do parque e incentivam a prática do esporte. Ressaltou também que muitos deles trazem suas famílias e isso demonstra o clima harmonioso desse grupo.
Para finalizar esse post, achamos interessante colocar uma definição que ouvimos pela maioria dos skatistas entrevistados sobre sua tribo: “Skatistas são irmãos de pais diferentes, indiferente da modalidade que praticam”, definição dita por Donha e compartilhada pelos outros skatistas entrevistados.
Ricardo Augusto, um dos integrantes da equipe responsável pelo Tribo do Skate andando de skate na ladeira do Parque da Independência (Foto: Gabriel Landi)
Esperamos que este post tenha mostrado como é a realidade dessa tribo e desmistificado a imagem negativa que podia existir sobre esse grupo de pessoas que apenas se reúne para andar de skate e para se divertir entre amigos.
Gabriel Landi